Estress

O ritmo acelerado do homem moderno, somado ao excesso de preocupações em que ele vive mergulhado, com contas a pagar, compromissos diversos, inúmeras preocupações que não faziam parte da realidade de vida do ser humano há alguns anos atrás, certamente contribuem muitíssimo para o aumento do stress nos dias de hoje. Entretanto, não se pode afirmar que o stress não existisse nos tempos dos nossos avós. Mesmo nas sociedades primitivas, o homem tinha que se preocupar com uma série de coisas que já não fazem parte da nossa cultura. O homem das cavernas por exemplo também sofria de diversos tipos de medos, fobias, depressão e outros males, com o agravante de que naquela época não havia nenhum dos recursos que se tem hoje. O homem primitivo também tinha medo de não conseguir o que comer, também tinha medo da violência, talvez até em maior escala do que nos dias de hoje, visto que naquela época não se dispunha dos mecanismos legais de hoje. Podemos ter uma força policial que não satisfaça os anseios da sociedade, mas pelo menos dispomos de uma força policial de quem cobrar proteção. O homem das cavernas corria o risco constante de ser atacado por um leão, um urso, uma cobra venenosa. A qualquer momento podia ser expulso de sua caverna por tribos rivais, por guerreiros nômades que chegavam de repente.

Está comprovado que o stress é uma das maiores causas de doenças. De acordo com um estudo publicado pelo boletim médico New England Journal of Medicine, dos Estados Unidos, pessoas com elevado nível de stress têm duas vezes mais chances de contrair gripe do que as pessoas saudáveis. Há um certo consenso entre os cientistas de que até o câncer se instala e se alastra com mais facilidade nos organismos enfraquecidos por rotinas de tensão e stress.

O Dr. Meyer Friedman no livro Type A Behavior and your Heart (o comportamento tipo A e o seu Coração) adverte que a maioria dos pacientes que sofreram de ataques cardíacos, possuem complexos de "ação-emoção" que pode ser traduzido como a doença da pressa. São pessoas que vivem preocupadas com a hora e que não conseguem gerenciar o tempo de forma inteligente. Essas pessoas trabalham o tempo todo, mas frequentemente, não conseguem desenvolver um trabalho de qualidade, o que as força a trabalhar ainda mais para dar conta do trabalho que parece se acumular cada vez mais. Quanto mais trabalho fica para fazer, mas a pessoa é obrigada a trabalhar, quanto mais trabalha mais cansada preocupada e stressada a pessoa fica. Em função disso, essas pessoas ficam constatemente olhando o relógio. Ficam acelerando seus carros toda vez que são obrigadas a parar em um sinal de trânsito, desenvolvem um comportamento agressivo e logo começam a sentir os sintomas no corpo físico.

O stress como resposta aos estímulos externos e internos em que a pessoa se defronta com alguma coisa que ameace seu bem estar, físico, mental e emocional é absolutamente normal. Se alguém está caminhando em determinado lugar e vê alguém sacar de uma arma, é natural que a pessoa tenha uma resposta automática de susto, autodefesa, medo e outros sintomas. Quando nossos sentidos captam uma possível ameaça externa essa informação percorre dois caminhos diferentes. Antes que a pessoa possa raciocinar sobre o que está acontecendo, a amígdala cortical (considerada o centro do medo) recebe a informação e envia um alarme para todo o cérebro antes que a mente consciente possa tomar conhecimento do que está realmente ocorrendo, provocando uma resposta imediata, muitas vezes ridícula frente ao que está realmente acontecendo. Uma pessoa está brincando com um cachorrinho inofensivo de apenas dois meses de idade, quando este ameaça morder a pessoa apenas de brincadeira. O susto provoca uma reação imediata obrigando a pessoa a retirar a mão com medo de uma mordida. Alguns segundos depois a pessoa raciocina que este temor não tem o menor fundamento, que sua reação foi absolutamente incompatível com a atitude amigável do cãozinho. Daniel Goleman afirma que a amigdala funciona como alarme de uma empresa, onde operadores estão a postos para chamar o corpo de bombeiros, polícia, defesa civil sempre que o sistema interno de segurança detectar algum sinal de perigo. A amígdala envia ainda sinais ao tronco cerebral para expor no rosto uma expressão de medo, acelerar os batimentos cardíacos, alterar o ritmo da respiração, e enrijecer a musculatura, etc.

Stress pode bem ser definido como uma reação do organismo a um stressor. Estes podem ser qualquer qualquer coisa que provoque uma reação das glândulas endócrinas. Stress como resposta imediata a um stressor externo é absolutamente normal e praticamente inevitável. O problema é quando o stress é de origem interna, resultado de medos, crenças, ansiedade que a pessoa alimenta, e não consegue controlar nem evitar.

Há dois tipos básicos de stress: eustress, o stress agradável e salutar. Este é o stress provocado por situações que causam prazer. Pessoas praticam o bungee jump, que andam numa montanha russa, o atleta que está empenhado em ganhar uma competição, o stress causado na comemoração da vitória. Nesses momentos, é comum o coração disparar, a boca ficar seca, as mãos suarem, entre outros sintomas que não diferem muito daqueles provocados em situações de distress.

Distress é o stress doentio, ruim para o organismo. Quando a pessoa está constantemente exposta a situações de medo, preocupações constantes. Pessoas ansiosas, policiais, bombeiros, o funcionário com medo de perder o emprego, pessoais que vivem constantemente preocupadas com a situação financeira, que não conseguem enxergar uma luz no fim do túnel. Pessoas pessimistas, que acreditam que as coisas estão piorando, pessoas que vivem com medo da violência, que saem de casa sobressaltadas, achando que a qualquer momento serão atacadas na rua por algum estranho. Essas pessoas estão sofrendo de distresse, e precisam de acompanhamento profissional. Se não forem tratadas logo poderão desenvolver doenças mais sérias tanto físicas quanto emocionais e mentais.

 

Mulheres e distresse

Até o início do século XX o distresse acometia mais os homens do que as mulheres. Não que essas não enfrentassem fatores estressores. Naquela época a mulher desempenhava um papel doméstico, ficava em casa cuidando dos filhos, o que era uma tarefa bastante árdua, dependendo da realidade de cada uma. A partir dos anos 80 as mulheres começara a ocupara dupla função, acumulando a responsabilidade de dona de casa com a ocupação de cargos de responsabilidade nas empresas. Hoje já temos mulheres na posição de grandes empresárias, deputadas, senadoras,, além de outras funções igualmente estressantes, como funcionárias de departamento de pessoal, serviço militar, motoristas, policiais. A mulher saiu de um convívio doméstico familiar e se inseriu em um contexto que era completamente dominado pelos homens. Houve, e em muitos casos ainda há, muita discriminação, o que forçou a mulher a entrar numa posição permanente de confronto contra o homem, passando estas a querer provar o tempo inteiro que são tão boas quanto ou mesmo melhor do que os homens. Tudo isso, somado a outros estressores da sociedade atual, tem contribuído muito para o aumento do distresse feminino. Doenças como enfarto do miocárdio, isquemia cerebral, hipertensão , e úlceras gástrica outras doenças psicossomáticas são cada vez mais comum entre as mulheres.

Crianças

Nos dias de hoje, é cada vez mais comum encontrarmos crianças com sintomas de distresse. Filhos de pais estressados, têm maior tendência de desenvolver sintomas de distresse. Os pais muitas vezes não conseguem estabelecer canais de comunicações que favoreçam o diálogo e a compreensão dentro da família. Alguns pais desenvolvem um relacionamento de permissividade com os filhos e quando estes se tornam agressivos, os pais tentam impor tratamento de choque. Querem estabelecer uma relação de poder com os filhos, onde eles são os pais e por isso os filhos lhes devem respeito e obediência mas não conseguem estabelecer esta relação de maneira inteligente, perdem o controle e começam a gritar com as crianças, fazem ameaças que não podem cumprir. A criança espelha muito o comportamento dos pais. Assim, não tendo um modelo de comportamento melhor a criança modela o comportamento das pessoas que ela mais confia: os pais. Além disso, o descontrole emocional dos pais contribuem muito para o descontrole emocional das crianças, que estão buscando nos pais um modelo de conduta e comportamento. Além de dá um mau exemplo para os filhos, esses pais, tentando fazer o melhor ainda passam muito medo e insegurança para as crianças, que por sua vez começam a desenvolver os mesmos sintomas de distress daqueles.

A escola também tem contribuído muito par o stress infantil. Por um lado os pais começam a cobrar muito cedo dos filhos a obrigação de serem excelentes alunos. A consciência de que vivemos num mundo de alta competitividade, com escassez de recursos dispara nos pais um mecanismo de despertar nos filhos uma obrigação de serem inteligentes, de aprenderem rápido e tirarem as melhores notas. Como as escolas passam uma grande quantidade de dever de casa, os pais são obrigados a sentar com as crianças e ensinar a matéria que muitas vezes não foi devidamente trabalhada em sala de aula. Como o período que a criança consegue prestar atenção a um determinado assunto é muito curto, elas logo se distraem e os pais interpretam essa distração como falta de interesse e reagem a esse comportamento de forma agressiva.

A professorinha não é diferente. Com trinta alunos para tomar conta, sendo cobrada o tempo todo pelos pais e pela escola, ela logo começa a ameaçar as crianças. "A prova vai ser muito difícil.

 

Aprendendo a controlar o distress.
Algumas dicas importante podem ajudar bastante as pessoas distressadas.

1) Tenha uma atitude positiva diante da vida e dos acontecimentos. Não posso mudar a realidade nem os acontecimentos, mas posso mudar a maneira como eu recebo e ajo frente esses acontecimentos. É bem verdade que o mundo enfrenta inúmeros problemas, mas eu não sou o CRISTO, logo não sou eu o salvador do mundo. Se eu fizer bem a minha parte, já estou contribuindo bastante para uma sociedade mais equilibrada, com mais justiça igualdade e fraternidade.

2) Não tenha medo de nada. O medo paralisa o raciocínio, libera uma quantidade enorme de adrenalina é cortisol na corrente sanguínia, substâncias responsáveis por uma infinidade de doenças.

3) Reserve um tempo para você mesmo. Leia um livro de poesias, ousa uma boa música, vá ao cinema, exercite-se, faça meditação. Essas atividades liberam a endorfina e dopamina, substâncias que causam bem estar, equlíbrio físico, mental e emocional.

4) Aprecie as pequenas coisas da vida. Observe quanta beleza há em uma flor, um sorriso de criança. Ficamos tanto tempo preocupados com nossas responsabilidade que muitas vezes não prestamos atenção nas pequenas coisas no nosso caminho. A felicidade não está em conseguir o que se deseja, mas em gostar do que se tem. Se você está esperando conseguir tudo o que deseja para ser feliz, você nunca saberá o que é a felicidade. Recentemente li o depoimento de uma empresária bem sucedida que apesar de ser muito rica, só vivia doente, sofrendo de distresse, descontrole emocional. Isto porque ela estava sempre conseguindo tudo o que queria na vida em termos de bens materiais, mas nunca ficava feliz com o que tinha. Muitas pessoas afirmam que dinheiro não traz felicidade, e é verdade. O que trás felicidade não é dinheiro, mas amaneira como a pessoa se relaciona como o dinheiro ou a falta dele. .

5) Agradeça por tudo. Se você está lendo estas palavras, você já é uma pessoa privilegiada, diante de tantas outras que não conseguem ver. Se alguém está lendo par você ainda assim você consegue ouvir. Milhões de pessoas no mundo são surdas e mudas. Se você se achar pequeno de mais, olhe para as formigas que percorrem distâncias imensuráveis carregando comida para se alimentar. Você é muito mais do que uma formiga.

6) Tenha uma vida equilibrada. Alimente-se bem. Coma frutas, legumes, carnes brancas. Beba bastante líquidos. Cuidado com as carnes vermelhas, o açúcar, a cafeína. Descanse bastante mas não durma demais. Exercite seu corpo e seu cérebro. Cuide bem de você. Se você não o fizer, quem o fará?

7) Faça a sua parte. Trabalhe, organize sua vida, mas siga os conselhos de Jesus: "não andeis preocupados com o dia de amanhã, pelo que haveis de comer, nem pelo que haveis de vestir. Deixa que o dia de amanhã cuidará de si mesmo". Ninguém jamais acordou no dia de amanhã. Você sempre acorda hoje. O passado já se foi, o futuro ainda virá. O agora é uma dádiva, por isso que se chama presente.